Rezam os manuais e os versados no ramo da gravidez, por uso ou profissão, que a hora de ligar para o médico para dizer “tá na hora” só chega depois de um período de 1 hora cheia com contrações regulares de 5 em 5 minutos (em média).
Depois que o tal do tampão mucoso começou a sair, na segunda-feira, dia 14, as contrações aumentaram, mas sem nenhuma periodicidade identificável. Ligamos para a Dóris, enfermeira obstetra que acompanhou a Clarice durante o pré-natal, e depois para a Cecília, obstetra que faria o parto caso o Daniel, médico dela, não estivesse em São Paulo. As duas recomendaram calma (além de um comprimido buscopan): “pode ser já, ou pode ser na semana que vem”.
Tome contração! Períodos de duas, às vezes, três ou quatro horas e depois paravam. E nós de volta aos DVDs, jornais, comidinhas ou ao jogo de cartas.
Essa freqüência sem freqüência esticou-se por todo o dia 15, terça-feira.
A coisa começou a ter alguma regularidade mesmo de 23 horas a 1 hora do dia 16, quarta-feira. Mas depois parou. Decidimos dormir. Eu tava com um sentimento dúbio. Vai ser hoje! Será que vai ser hoje?!
E a Clá tinha um sentimento claro: “dói muito”.
Sono curto. 3 da manhã começou de novo. Lápis e papel na mão e relógio à vista. Pelejava pra fazer as contas se encaixarem na média de 5 em 5 minutos. Mas os números não davam mole. Nem as dores.
Depois de uma longa madrugada cheia de contrações e pouquíssimo sono, eu olhava a Clá com dores na cadência sincopada dos 5, 5, 4, 5, 6, 12, 4, 5, 2, 6, 5 minutos e pensava que já estava chegando a hora, mas ficava quieto, E aflito. O comando era dela. As dores também. A coisa apertou entre 6 e 7 e meia da manhã. Mas depois ralentou o rítmo.
As dores diminuíram um pouquinho e tomamos café. A Clá ligou para o Daniel às 9:30 e ouviu que o rítmo das contrações estava muito irregular e que poderia ser um pré-trabalho de parto ou a coisa poderia retroceder (poderia ser na semana que vem). Mas ponderou que se as dores aumentassem ou se quiséssemos nos tranqüilizar que fossemos ao hospital checar: se for alarme falso, vocês voltam pra casa. Simples assim.
As dores retomaram a toada das 6 horas. A Clá quis ir para o hospital e eu ponderei que o quadro era o mesmo de quando ela falou com o médico. Meia hora depois, as dores estavam mais intensas e longas. Sem perhaps ela deu a ordem: vamos pro hospital agora!
Pegamos as malinhas, apetrechos e colocamos no carro no melhor espírito se-for- alarme-falso-voltamos-pra-casa. No caminho da maternidade, nos acompanharam as já aceleradas, longas, fortíssimas e sincopadas contrações; e também o Jorge Ben cantando… Minha mãe me chama: Comanche! Minha mãe me chama: Comanche!
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